Como assim? Eu ouvir dizer um hotel em plena caatinga e de cinco estrelas? Curioso isso né, fica por aqui que eu vou te contar tudo sobre a hospedagem do gravatá, NA CAATINGA!

Trata-se de uma planta que o povo da ciência chama de Aechmea blanchetiana, o gravatá faz parte da mesma família do abacaxi (Bromeliaceae), família essa que tem 58 gêneros e 3.172 espécies, sendo encontradas da América do Norte até a América do Sul, no Brasil são 44 gêneros e 1.292 estima se que cerca de 60% a 70% dessas espécies estão em nosso território brasileiro, grande parte no Nordeste, o gravatá como é chamado aqui em na nossa região, tem suas folhas laminares e afuniladas com pequenos espinhos em suas extremidades.
Dica de quem anda na Caatinga
Cá pra nós, os espinhos são pequenos, porém potentes e rasgam roupas com facilidade, é bom ter cuidado com as mãos ao passar por perto. As folhas são finas e pontiagudas nas pontas e mais largas próximas ao caule da planta, quando nasce sobre a sombra das árvores adquire tons verde-claros, mas se receber sol forte pode ficar bem amarela e até mesmo laranja-avermelhada, seus tons são lindos eu fico encantado, o gravatá se destaca facilmente na vegetação catingueira, de tão lindas são utilizadas em paisagismo, mas não fica só por aí, tem muito mais sobre essa planta incrível, siga-me!


Um Hotel Cinco Estrelas na Caatinga
O gravatá tem uma importante função ecológica, o formato de suas folhas em forma de roseta é afunilada e serve como um canal que leva água até o caule da planta que ficam armazenadas como um tanque, daí em alguns lugares o gravatá também é conhecido como planta tanque, não é para menos, o mesmo tem a capacidade de guardar até 1 litro de água, onde muitas espécies na seca bebem dessa água.
Este hotel também é utilizado para reprodução por diversos organismos, como algas, bactérias, anfíbios, répteis e insetos, sendo inclusive o único ambiente onde algumas espécies podem sobreviver. Esses organismos deixam restos de suas atividades metabólicas no reservatório, tornando-o um local rico em nutrientes e um importante micro habitat.

Os Animais gostam desse Hotel.
É bem fácil encontrar aranhas do tipo e caranguejeira no gravatá. Animais como tatu, preá, ratos e outros usam como local de morada ou esconderijo temporário contra predadores, esses animais fazem buracos embaixo de suas folhas que chegam até 90cm de comprimento, como tem bastante espinho se tornam uma fortaleza segura, além de ser refrescante no calor nordestino uma vez que tem muita água armazenada, é ou não é um belo de um hotel cinco estrelas esse gravatá? Desta forma a preservação do gravatá é fundamental tanto pela manutenção da biodiversidade quanto para ao bioma Caatinga.

A Importância do Gravatá também é sua Ruína.
Como foi citado no texto acima, é muito importante para a preservação das espécies o gravatá, por abrigar muitos animais o mesmo acaba se tornado vítima do principal predador de todos os ecossistemas o “Homem”, isso mesmo muitos arrancam essa planta para usos ornamentais, bom até aí tudo bem, a falta de uma planta ou outra não afetaria tanto os ecossistemas, mas o problema é que o replantio não acontece, e ano após ano em diversas épocas do ano como períodos juninos, fins de ano, etc., essas plantas são arrancadas, se não bastasse isso o gravatá ainda tem que batalhar contra caçadores e fazendeiros.
Quando os cachorros usados para caçar emboscam um animal em uma dessas famílias de gravatas e o animal se demora a sair, o que o caçador faz? Adivinha? Ele simplesmente toca fogo em tudo para o animal sair, isso mesmo, jogam gasolina e riscam o fósforo simples assim!
Eu nem preciso falar de minha indignação a tal prática, muito menos informar sobre os problemas que essa prática traz, o fato é que esse é o grande causador de incêndios aqui na caatinga, eu já vir grandes vegetações sendo destruídas por essa prática. Mas ainda não acabou, os fazendeiros por sua vez fazem o mesmo, porém agora com a seguinte motivação “cobras às vezes ficam abrigadas dentro dos gravatás vou queimar tudo, assim protejo meu gado” e assim fazem, é muito difícil você caminhar em um terreno de um fazendeiro aqui em nosso nordeste que não tenha vários focos de queimadas em gravatás. Obs.: (vamos rever nossos conceitos).


A História por trás do Gravatá
É muito comum aqui no nordeste ter cidades que recebem nomes advindos de plantas e animais da caatinga, com o gravatá não é diferente, já falamos aqui no blog sobre o Mandacaru o Xique-xique que batizam também cidades e muitas fazendas e sítios por aqui, ele também tem sua moral batizando o nome de um município brasileiro no estado de Pernambuco.
A origem do nome é o seguinte, gravatá era o nome de uma fazenda lá no ano de 1808, esse local era usado como hospedagem para os viajantes que comercializavam açúcar e a carne bovina, principais produtos da época, saindo de lá tinham a necessidade de navegar pelo rio pojuca para levar esses mantimentos para outras cidades, durante a navegação precisavam fazer várias paradas, pois a navegação era difícil e uma dessas paradas ficou conhecida como Crauatá, denominação que deriva do tupi Karawatã “mato que fura”, isso porque ali tinha uma das plantas da família das Bromeliaceae, também chamada caraguatá, caroatá, caroá e gravatá.
Através deste post eu tive a oportunidade de trazer informações e sobretudo conscientizar vocês meus leitores sobre a importância da preservação da nossa caatinga, um bioma tão único e tão rico que tem tanto a nos oferecer e já que você está aqui comigo eu te digo vamos juntos rever nossos conceitos.
Na Caatinga